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quarta-feira, 27 de julho de 2016

A Lição das Amoras

Este é meu primeiro verão no Canadá e é difícil falar para meu povo do calor que estamos submetidos por que falei de um frio tão intenso a dias atrás que eles acham que aqui seria inverno o tempo todo. Mas exatamente o fato de poder curtir todas as estações faz desta terra um lugar tão especial. Obviamente o Brasil tem tanta diversidade e até mais do que encontro aqui, mas agora tenho tido tempo de observar, o que não tive nos últimos anos. Pessoas que estão no contexto de vida corrida daqui também não veem o que tenho visto. A correria gera cegueira do belo, onde quer que estejamos.  Meu jardim me surpreende a cada dia. Minha primeira surpresa foi minha tulipa, primeira flor que brotou. Depois dela brotaram tantas outras que não sei os nomes, mas desde lá o jardim nunca ficou sem flor. Sem algo novo. Agora é tempo de amora.

Tenho amoras no meu jardim. Como não conhecia a planta, quase acabei com ela, pois, diga-se de passagem, não é uma planta bonita antes de frutificar. Não somos assim também? A beleza só faz sentido quando está ligado a um fruto do espírito na nossa vida. Qualquer coisa para além disso é maquiagem e aparência enganosa que acaba com o tempo. Mas de repente vejo alguém passando e colhendo alguma coisa no meu jardim. Fui checar e eram as amoras que estavam cumprindo seu papel de vir abençoar no tempo exato do projeto do nosso Jardineiro. Esta semana todos os dias teve suco de amora aqui em casa. Com banana, com leite, com cenoura, com maça. Todo dia um suco diferente. Tenho que aproveitar por que já percebi que tudo é muito rápido e se perder a hora, não comerei o melhor que a terra me proporciona.

Ontem aprendi algo especial com elas. O tempo delas esta acabando. O sol de 32 graus desta semana adianta o amadurecimento mas faz perder muitos frutos. Pensei até que já tinham acabado quando me abaixei. Debaixo das folhas existiam frutas lindas e viçosas esperando por mim. Quase me deitei na grama para descobrir as melhores. Sabe o que aprendi? Elas precisam do sol mas sabem que o sol pode mata-las. Elas respeitam o sol e não se expõem demais. Elas se dobram, se abaixam debaixo das folhas para tirar melhor proveito do calor sem comprometer sua saúde.

Eu tive também que me abaixar para encontrar os melhores frutos. Nós precisamos aprender a nos abaixar e respeitar o outro em suas características para não nos queimarmos em nossos relacionamentos.abaixar aqui significa mudar o angulo de visao, aumentar a lente, sair da zona de conforto, para não perder o melhor que o outro tem para nos oferecer. Sobretudo, temos que nos abaixar diante do Sol da Justiça. Deus, o Senhor de toda terra, pois, seu calor sustenta todas as coisas no Universo, visíveis e invisíveis, nos fazendo frutificar em tempo oportuno. Quem é uma pequena amora diante do sol? Quem somos nós diante de Deus? Que Sua vontade prevaleça. Humilhai-vos debaixo da potente mão de Deus para que Ele, em tempo oportuno vos exalte, exorta o apóstolo Tiago, e então, comeremos melhor desta terra

Espaço de reflexão psicoteológica, visando a saúde dos relacionamentos e o fortalecimento da família!